Agência Minas Gerais | Projeto Saúde em Rede promove integração entre atenção primária e atenção especializada em Minas
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) realiza, até esta sexta-feira (28/6), o Primeiro Seminário de Boas Práticas do Projeto Saúde em Rede, em Belo Horizonte.
O evento marca o encerramento das atividades de implantação do projeto e apresenta as experiências exitosas dos municípios participantes, que buscam melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados ao cidadão mineiro.
“Em julho de 2019, estive em Diamantina para o lançamento deste projeto. Naquela época, tínhamos um projeto piloto, na macrorregião de Jequitinhonha, com 31 municípios. Hoje estou muito feliz e orgulhoso de ver que 851 municípios fazem parte dessa grande articulação para organizar as redes de atenção à saúde e entregar um serviço cada vez melhor para os mineiros”, destacou o governador Romeu Zema, por meio de vídeo, na abertura do evento nessa quinta-feira (27/6).
“A integração da atenção primária e da atenção ambulatorial especializada é fundamental para que os profissionais compreendam a condição de saúde da pessoa como um todo. Com o acolhimento e manejo clínico corretos e realizados de forma integral, estamos evitando o agravamento da situação de saúde do paciente e, até mesmo, internações desnecessárias, o que também desafoga a nossa rede hospitalar”, ressaltou o governador.
O projeto Saúde em Rede, que visa organizar as redes de atenção à saúde para promover melhor serviço para a sociedade e gerar mais valor ao cidadão, foi implementado gradativamente no estado.
A primeira onda de expansão ocorreu em 142 municípios, entre 2021 e 2022. Já a segunda, que contemplou 286 municípios, foi iniciada em 2022 e finalizada em 2023. Iniciada em 2023, a terceira onda de expansão envolveu mais 392 municípios, num total de 851.
“Estamos celebrando, com esse seminário, o final da terceira onda de expansão do projeto, reunindo todos os municípios participantes para compartilharmos as experiências exitosas que foram executadas nos territórios”, salienta Camila Helen de Almeida Silva Oliveira, superintendente de Atenção Primária da SES-MG.
“O foco do Saúde em Rede é organizar, desde os processos básicos de acesso e acolhimento, às condutas clínicas no acompanhamento do paciente, seja somente no âmbito da atenção primária ou no cuidado compartilhado com a atenção especializada”, explica a superintendente.
A subsecretária de Redes de Atenção à Saúde da SES-MG, Camila Moreira Castro, também destaca que esse é um importante momento de aprendizado.
“Conhecer as experiências dos territórios é fundamental para melhorar o serviço público de saúde no nosso estado. Esse projeto representa o que esperamos para o SUS e nenhuma ação pode ser implementada de forma efetiva se não tiver uma saúde integrada”, declara.
Para a primeira secretária do Conselho Estadual de Saúde, Alétheia de Alcântara Gonçalves Silva, é muito importante essa troca de experiências, pois as soluções já estão melhorando o cotidiano das pessoas. “São os municípios os principais atores da atenção à saúde porque é no território que as pessoas são atendidas”, pontua.
Segundo Fernando Cupertino, representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o evento é celebrativo, mas também é um momento de reflexão e de partilha.
“É importante partilhar o que deu certo, como também o que não deu e aquilo que podemos encontrar pelo caminho. Porque é assim que conseguimos aperfeiçoar o que nós fazemos. E nosso objetivo é que o SUS seja, cada dia mais, um porto seguro para todos”, comenta.
Para o vice-presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde, Lúcio Alvin, a articulação dos serviços de saúde permite um atendimento mais qualificado para o usuário. “O paciente compreende melhor o funcionamento da rede e é atendido com mais eficiência nos serviços quando o fluxo está articulado”, ressalta.
Nesse sentido, o médico Marco Antônio Bragança de Matos afirma que a construção de uma rede de saúde articulada nos seus pontos de atenção é uma prática inovadora. “A lógica da articulação em rede favorece a compreensão do cidadão sobre os processos de saúde nos territórios”, diz.
Experiências exitosas
Os representantes dos municípios compartilharam as experiências e evidências sobre processos de trabalhos desenvolvidos ao longo do projeto, além das estratégias para a manutenção das boas práticas.
As enfermeiras Aline Tristão, Daniela Sarreto e Fabiana Fernandes apresentaram as ações que desenvolveram para estruturar os serviços e os fluxos de atenção no município de Uberaba.
Os projetos procuraram desenvolver a competência das equipes para o planejamento e organização da atenção à saúde, com foco nas necessidades dos usuários.
“Enfrentamos um desafio por Uberaba ser um município de gestão plena da saúde e não ter o Centro Estadual de Atenção Especializada (Ceae), que é um elemento que, percebemos ao longo da trajetória do Saúde em Rede, que facilitaria muitas coisas por já ser um serviço estruturado. Então tivemos que reestruturar serviços, equipes e fluxos com os prestadores de serviço”, conta Daniela Sarreto.
“Por conta desse desafio, nos propusemos a facilitar para todo mundo a construção de um manual de funcionamento do Saúde em Rede, com todas as informações, num compilado de fácil acesso, divulgado de forma eletrônica, para facilitar o entendimento de onde caminhar, como funciona o Núcleo Regulador, que é uma novidade para a gente dentro do município, os locais e profissionais de referência, entre outras questões inerentes ao Saúde em Rede”, informa.
Aline Tristão destaca outro projeto realizado no âmbito do Saúde em Rede, também inédito no município.
“Iniciamos um projeto piloto, em uma Unidade Básica de Saúde, do Núcleo de Segurança do Paciente, que faz desde o acolhimento à identificação desse usuário, para garantir a qualidade dos serviços e assistência. Isso até então não era discutido na atenção primária e tinha mais afetividade com as questões hospitalares”, detalha.
De Lagoa Dourada, município da macrorregião São João del-Rei, Marli Silva, enfermeira da Estratégia de Saúde da Família, apresentou a experiência “Saúde da Mulher: prevenção que promove vínculo”. A ação, realizada na área rural do município, envolveu mulheres na faixa etária de 20 a 49 anos.
“O trabalho aproximou a comunidade. Começamos com um café da manhã com as mulheres dos povoados rurais para conscientizá-las sobre os exames preventivos, como papanicolau e mamografia. Também marcamos e realizamos consultas e exames”, conta.
“Quando começamos, apenas 20% realizavam os exames, e hoje a maioria das mulheres da região está com os exames em dia. Isso só foi possível com o apoio de toda a equipe de saúde”, finaliza.